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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

A Fábula dos Porcos Assados

Este texto me foi apresentado por um excelente professor da faculdade, e é um texto muito bom para reflexão e discussão, pois retrata, em forma de sátira mas com correspondências inegáveis, como funciona nossa sociedade. Eu o havia perdido, mas felizmente voltou a minhas mãos através de um amigo. Boa leitura!

A Fábula dos Porcos Assados

Certa vez, aconteceu um incêndio num bosque onde havia alguns porcos, que foram assados pelo fogo. Os homens, acostumados a comer carne crua, experimentaram e acharam deliciosa a carne assada. A partir daí, toda vez que queriam comer porco assado, incendiavam um bosque...



Mas o que quero contar é o que aconteceu quando tentaram mudar o "sistema" para implantar um novo. Fazia tempo que as coisas não iam lá muito bem: às vezes os animais ficavam queimados demais ou parcialmente crus. O processo preocupava muito a todos, porque se o "sistema" falhava, as perdas ocasionadas eram muito grandes - milhões eram os que se alimentavam de carne assada e também milhões os que se ocupavam com a tarefa de assá-los. Portanto, o "sistema" simplesmente não podia falhar. Mas, curiosamente, quanto mais crescia a escala do processo, tanto mais apareciam falhas e tanto maiores eram as perdas causadas.

Em razão das inúmeras deficiências, aumentavam as queixas. Já era um clamor geral a necessidade de reformar profundamente o "sistema". Congressos, seminários, conferências passaram a ser realizados anualmente para buscar uma solução. Mas parece que não acertavam o melhoramento do mecanismo. Assim, no ano seguinte repetiam-se os congressos, seminários, conferências. As causas do fracasso do "sistema", segundo os especialistas, eram atribuídas à indisciplina dos porcos, que não permaneciam onde deveriam, ou à inconstante natureza do fogo, tão difícil de controlar, ou ainda às árvores, excessivamente verdes, ou à umidade da terra, ou ao serviço de informações meteorológicas, que não acertava o lugar, o momento e a quantidade das chuvas...

As causas eram, como se vê, difíceis de determinar - na verdade, o "sistema" para assar porcos era muito complexo. Fora montada uma grande estrutura: maquinário diversificado; indivíduos dedicados exclusivamente a acender o fogo - incendiadores que eram também especializados (incendiadores da Zona Norte, da Zona Oeste, etc., incendiadores noturnos e diurnos, com especialização, matutinos e vespertinos, incendiador de verão, de inverno, etc.). Havia especialista também em ventos - os anemotécnicos. Havia um Diretor Geral de Assamento e Alimentação Assada, um Diretor de Técnicas Ígneas (com seu Conselho Geral de Assessores), um Administrador Geral de Reflorestamento, uma Comissão de Treinamento Profissional em "Porcologia", um Instituto Superior de Cultura e Técnicas Alimentícias (ISCUTA) e o Bureau Orientador de Reforma "Igneooperativas". Havia sido projetada e encontrava-se em plena atividade a formação de bosques e selvas, de acordo com as mais recentes técnicas de implantação - utilizando-se regiões de baixa umidade e onde os ventos não soprariam mais que três horas seguidas.

Eram milhões de pessoas trabalhando na preparação dos bosques, que logo seriam incendiados. Havia especialistas estrangeiros estudando a importação das melhores árvores e sementes, fogo mais potente, etc. Havia grandes instalações para manter os porcos antes do incêndio, além de mecanismos para deixá-los sair apenas no momento oportuno. Foram formados professores especializados na construção dessas instalações. Pesquisadores trabalhavam para as universidades para os professores especializados na construção das instalações para porcos; fundações apoiavam os pesquisadores que trabalhavam para as universidades que preparavam os professores especializados na construção das instalações para porcos, etc.

As soluções que os congressos sugeriam eram, por exemplo, aplicar triangularmente o fogo depois de atingida determinada velocidade do vento, soltar os porcos 15 minutos antes que o incêndio médio da floresta atingisse 47 graus, posicionar ventiladores-gigantes em direção oposta à do vento, de forma a direcionar o fogo, etc. Não é preciso dizer que os poucos especialistas estavam de acordo entre si, e que cada um embasava suas idéias em dados e pesquisas específicos. Um dia, um incendiador categoria AB/SODM-VCH (ou seja, um acendedor de bosques especializado em sudoeste diurno, matutino, com bacharelado em verão chuvoso), chamado "João Bom-Senso", resolveu dizer que o problema era muito fácil de ser resolvido - bastava, primeiramente, matar o porco escolhido, limpando e cortando adequadamente o animal, colocando-o então sobre uma armação metálica sobre brasas, até que o efeito do calor - e não as chamas - assasse a carne.

Tendo sido informado sobre as idéias do funcionário, o Diretor Geral de Assamento mandou chamá-lo ao seu gabinete, e depois de ouvi-lo pacientemente, disse-lhe:

- Tudo o que o senhor disse está muito bem, mas não funciona na prática. O que o senhor faria, por exemplo, com os anemotécnicos, caso viéssemos a aplicar a sua teoria? Onde seria empregado todo o conhecimento dos acendedores de diversas especialidades?

- Não sei - disse João.

- E os especialistas em sementes? Em árvores importadas? E os desenhistas de instalações para porcos, com suas máquinas purificadoras automáticas de ar?

- Não sei.

- E os anemotécnicos que levaram anos especializando-se no exterior, e cuja formação custou tanto dinheiro ao país? Vou mandá-los limpar porquinhos? E os conferencistas e estudiosos, que ano após ano têm trabalhado no Programa de Reforma e Melhoramentos? Que faço com eles, se a sua solução resolver tudo? Heim?

- Não sei - repetiu João encabulado.

- O senhor percebe agora que a sua idéia não vem ao encontro daquilo de que necessitamos? O senhor não vê, que, se tudo fosse tão simples, nossos especialistas já teriam encontrado a solução há muito tempo atrás? O senhor com certeza compreende que eu não posso simplesmente convocar os anemotécnicos e dizer-lhes que tudo se resume a utilizar brasinhas, sem chamas! O que o senhor espera que eu faça com os quilômetros e quilômetros de bosques já preparados, cujas árvores não dão frutos e nem têm folhas para dar sombra? Vamos, diga-me.

- Não sei, não senhor.

- Diga-me, nossos três engenheiros em Porcopirotecnia, o senhor não considera que sejam personalidades científicas do mais extraordinário valor?

- Sim, parece que sim.

- Pois então. O simples fato de possuirmos valiosos engenheiros em Porcopirotecnia indica que nosso sistema é muito bom. O que eu faria com indivíduos tão importantes para o país?

- Não sei.

- Viu? O senhor tem que trazer soluções para certos problemas específicos - por exemplo, como melhorar as anemotécnicas atualmente utilizadas, como obter mais rapidamente acendedores de Oeste (nossa maior carência), como construir instalações para porcos com mais de sete andares. Temos que melhorar o "sistema", e não transformá-lo radicalmente, o senhor, entende? Ao senhor, falta-lhe sensatez!

- Realmente, eu estou perplexo! - respondeu João.

- Bem, agora que o senhor conhece as dimensões do problema, não saia dizendo por aí que pode resolver tudo. O problema é bem mais sério e complexo do que o senhor imagina. Agora, entre nós, devo recomendar-lhe que não insista nessa sua idéia - isso poderia trazer problemas para o senhor no seu cargo. Não por mim, o senhor entende. Eu falo isso para o seu próprio bem, porque eu o compreendo, entendo perfeitamente o seu posicionamento, mas o senhor sabe que pode encontrar outro superior menos compreensivo, não é mesmo?

João Bom-Senso, coitado, não falou mais um "A". Sem despedir-se, meio atordoado, meio assustado com a sua sensação de estar caminhando de cabeça para baixo, saiu de fininho e ninguém nunca mais o viu. Por isso é que até hoje se diz, quando há reuniões de Reforma e Melhoramentos, quem sempre falta é o Bom-Senso.

3 comentários:

  1. é um bom texto..reflete muito sobre como funcionam algumas empresas, como funciona a questão tributária brasileira...e principalmente como alguns físicos pensam sobre suas verdades inquestionáveis. Alguns físicos tem o pensamento alinhado com os alienadores e não se dão conta. Parecem que esqueceram de pensar, apenas fazem aquilo que aprenderam e não vão além. É preciso ir além, é preciso ser criativo, é preciso questionar até a matemática para se conseguir o novo. Se não iremos só até aqui. E só aqui não deve bastar...
    Daniel Z.

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  2. Com certeza Daniel, o problema é que são "doutrinados" desde a graduação e não questionam teorias que são ensinadas como "verdades" já estabelecidas... O fato que estas teorias tem muitos "remendos" na matemática e muitas falhas na lógica... Explicações bem mais simples são possíveis, mas mudar o status quo na ciência não é tão simples quanto deveria ser... Obrigado pelo comentário, abs.

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  3. Olá meu amigo, apesar de eu ser cético quando o assunto se trata de "moto-contínuo", motores à gravidade, multiplicador de torque, entre alguns outros modelos apresentados aqui.
    Ainda assim sou um grande defensor e difusor do conceito free-energy, e sem dúvida existem inúmeras possibilidades para a geração de toda a energia que utilizamos à custo zero, sem poluir o meio ambiente, e ainda retirando lixo da natureza. A cada dia surgem projetos dando novas utilidades ao lixo doméstico, aproveitando a energia das mais diferentes formas, para os mais distintos fins, e por tratar-se de um material super abundante em nossa, consumista, sociedade. Acredito ser um ótimo caminho a ser explorado.
    No entanto, quando se trata em modificar toda uma estrutura de sociedade, a raiz do problema, como sabemos, e esta fábula, muito bem, ilustra. Está em interesses econômicos que acabam por perpetuar um modelo de educação voltado ao crescimento das maiores contas bancárias. Hoje em dia nosso governo federal diz investir em educação, mas qual a educação que esta sendo dada? Não é aquela mesma tecnicista, formadora de mão de obra, e não de cabeças pensantes? Somos um país que exporta minério de ferro e importa aço! Exportamos laranjas, e importamos suco de laranja!
    Sei que o amigo tem as melhores intenções com este blog e, portanto, obrigado. Mas eu vejo tanto desperdício energético em nosso dia-a-dia, que acredito que tão importante quanto encontrar novas formas de energia (embora já tenhamos diversos modelos que dariam conta de suprir nossa necessidade energética), seja a correta utilização da energia que já nos é fornecida.
    Por fim, certamente não existe melhor aplicação de energia do que a que consumimos em nossos cérebros. Abraço L.C.

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