E o que mais dizer quanto a minhas impressões sobre o Ignis? Vale comentar que durante a trajetória da pesquisa de princípios de energia livre, podemos, muitas vezes, nos ver oscilando entre a aceitação da possibilidade do novo, e a rejeição ao mesmo, programada pela nossa educação. Logo, após minha empolgação inicial com o projeto, chegando a fazer anúncios e chamar os leitores a contribuir, resolvi dar um passo atrás na emoção em nome da objetividade científica. As explicações que obtive em conversas virtuais ainda não eram satisfatórias, ainda não estava claro para mim aonde Diego achava que havia um princípio a ser desenvolvido, um princípio que pudesse nos levar ao Overunity. Eu realmente precisava conversar pessoalmente com o Diego para formar uma opinião.
Eu fiz meu dever de casa. Outros pioneiros hereges haviam seguido o mesmo caminho? Diego não era o primeiro a afirmar heresias sobre giroscópios. O controverso trabalho de Eric Laithwaite, que afirmava ser capaz de fazer, com giroscópios, seu reactionless drive dar propulsão aparentemente contrariando as leis de Newton. Laithwaite seria um artigo por si só, e não nos estenderemos nisso aqui para não nos alongarmos. Para saber mais sobre Laithwaite, se entende o inglês, veja este documentário e/ou leia este texto. Para maravilhar-se com as peculiaridades dos giroscópios assista as apresentações de Laithwaite ou outros vídeos demonstrativos. Para desmistificar estas mesmas apresentações mostrando como elas são previsíveis pelas Leis de Newton clássicas, estude este link. No fim das contas não vi relação do trabalho de Diego com o de Laithwaite.
Não dá pra negar, no entanto, o fascínio que os giroscópios exercem no senso comum, onde parecem desafiar a gravidade (nas demonstrações de Laithwaite, por exemplo). No entanto, giroscópios são amplamente conhecidos e utilizados, e suas equações conhecidas há séculos. Sua bicicleta usa o princípio giroscópico - é por isso que é bem mais fácil equilibrar uma bike em movimento, com suas rodas girando. Os giroscópios substituíram as bússolas na navegação, e desde que o homem começou a voar, integram funções nos sensores de horizonte e no piloto automático de um avião, e recentemente estão presentes também no acelerômetro do seu celular e nos controles do Nintendo Wii. Enfim, desde aplicações "domésticas" como um celular até a engenharia aeroespacial, os giroscópios foram explorados. Isto porque os rotores dos gyros criam uma referência em seu eixo de rotação, dispensando as coordenadas geográficas, ou melhor, fixando-as no próprio espaço. Os gyros geram um torque de reação toda vez que seu eixo tenta ser modificado, em uma direção perpendicular ao movimento do rotor, e este movimento característico dos giroscópios é chamado precessão. Os sensores detectam este movimento e assim podemos saber a posição de um avião em relação ao horizonte ou se o celular está em pé ou deitado.
Mas ora, giroscópios são grandes rodas inerciais, sendo uma demonstração de leis de conservação e não uma violação às mesmas. Ainda não estava claro para mim o que Diego estava aprontando com giroscópios...
Mas ora, giroscópios são grandes rodas inerciais, sendo uma demonstração de leis de conservação e não uma violação às mesmas. Ainda não estava claro para mim o que Diego estava aprontando com giroscópios...
Rumo à terra seca de Haddad e Alckmin
Eis que então movimento meu traseiro nem tão gordo e vou, contra todas as circunstâncias de minha vida pessoal, para a capital paulista conhecer de perto Diego e seu Projeto Ignis.
A sede do Instituto Vector Equilibrium |
Ele me contou toda a trajetória que o levou a criar o Instituto Vector Equilibrium, em 2012. Através do Instituto, começou a difundir os conceitos do Torus e do Vector Equilibrium através de brinquedos, para que quando a hora da divulgação do grande projeto chegasse - no caso, o Ignis é o grande projeto e agora é a hora - os conceitos não fossem tão estranhos e novos, e já estivessem razoavelmente difundidos no Brasil. O projeto Amazônia do instituto faz interface com o Ignis, já que pretendem ser pioneiros na aplicação do Ignis em geração para áreas remotas.
Diego expressa a importância da mudança de paradigma da escassez para a abundância de forma muito eloquente. Tive o prazer de conhecer alguns dos colaboradores do Ignis, como o Felipe Silva, que está fazendo os desenhos em Solidworks e o Rodolfo, que também é físico. A casa Laboriosa 89, um dos pontos de encontro da rede de colaboradores, é um espaço muito interessante, pois vemos que as pessoas estão aceitando cada vez mais o paradigma da abundância e procurando viver isso em seus empreendimentos. A casa é livre e aberta e funciona de forma colaborativa. Realmente muito interessante.
Eu estava lá, no momento histórico em que foi confirmado o sucesso de sua campanha de crowdfunding. É realmente impressionante como, com dedicação e afinco, através de palestras e plantões na casa Laboriosa 89, Diego foi capaz de tamanha façanha. Ele parece muito tranquilo, afinal, sabe que no fundo é tudo um experimento, e sabe que a grande maioria dos apoiadores da campanha no Catarse eram de sua própria rede de conhecimentos e que doaram justamente por confiança em sua pessoa e na sua rede de colaboradores, em suas boas intenções, em sua inteligência e no potencial da sua ideia. No entanto, do ponto de vista do movimento Energia Livre, vale ressaltar que, por ter usado o crowdfunding, Diego carrega agora uma grande responsabilidade, onde poderá desmoralizar ainda mais o movimento ou ser o artilheiro da vitória final, assim como mencionamos no artigo sobre o QEG. Mas tanto o Ignis quanto até mesmo o Instituto e seus outros projetos, nas palavras do próprio Diego, representam o que seria no poker um “all-in” na vida dele. Ou seja, ou seja, a confiança de Diego em sua ideia é tamanha que está disposto a arriscar tudo, sua vida profissional, sua reputação, enfim, tudo, por aquilo em que acredita.
Giroscópio montado no centro do Vector Equilibrium, matriz de equilíbrio sintrópica perfeita. |
Pode-se dizer que vim a São Paulo com uma imensa expectativa de que Diego me convencesse. Que eu conseguisse entender a fundo o princípio dos giroscópios que poderia levar a Overunity. Ou se ele tinha de fato um princípio. Afinal, se alguém tinha capacidade de entender e estava disposto e com a mente aberta, eu considerava a possibilidade de ser esse alguém. Pode-se dizer que não saí convencido, nem de que sim, havia um princípio válido, nem de que não. Uma coisa é certa: Diego vem amadurecendo há anos a concepção do Ignis, que é resultado de muitas pesquisas. Como sempre faço nos meus artigos, procuro passar um entendimento, um pouco técnico até, mas acessível à maioria dos leitores, dos princípios de funcionamento de cada invenção que analiso, dentro da possibilidade do meu entendimento. Basicamente, entendi alguns pontos do funcionamento do dispositivo, mas não o entendimento mais profundo que eu gostaria de ter, talvez por falta de tempo, talvez por termos gastado o tempo conversado sobre muitos assuntos diferentes. Fiquei muito curioso e na expectativa de conhecer o tal cara que estava fazendo os modelos matemáticos, mas que infelizmente estava fora da cidade. Por alguns motivos que levaram a intenso debate entre eu e Diego, inclusive com algumas discordâncias, optei desta vez por não dar maiores detalhes.
Bem, o que resta agora é esperar. Dar tempo ao Diego e sua rede de colaboradores para que possam construir e testar seu dispositivo, e tirar a pulga detrás da orelha de muita gente. Também estão providenciando o registro de patente, para só então torná-la open source. Só então haverá a preocupação de montar um plano de negócios para difundir o Ignis. Pretendo fazer visitas e acompanhar o desenvolvimento de perto, mas sem intenção de publicar mais nada a respeito até o desfecho final desta história.
Talvez um cético-racionalista saísse de lá rindo e chamando Diego toda a sorte de nomes. Ainda bem que não sou exatamente um (risos). Mantenho um certo grau de ceticismo, mas certamente não me identifico com a ideologia, pois acredito que "há mais coisas entre o céu e a terra que sonha nossa vã filosofia", como diria Shakespeare. Segundo os cético-racionalistas, o meu "desejo e/ou crença de que as coisas sejam assim ou assado" entorpece minha visão objetiva da realidade. Será? Ou a academia que tolhe nossa criatividade e nos impede de ver coisas simples que estariam na nossa frente o tempo todo, com sua rigidez de ideias e conceitos? Nesse ponto, quando perco todas as certezas e abraço a minha ignorância socrática, acho que mantenho a posição mais sábia em prol da ciência e do progresso da humanidade. Vou me abster de emitir e até mesmo de ter uma opinião sobre se o Ignis vai ou não funcionar. Diagamos que fiquei assim com um imenso sentimento de "vai que...". No fim das contas, meu encontro com Diego reforçou a mesma intuição, lá do começo, de que um jovem tão inteligente e familiarizado com os mesmos conceitos fullerianos que persegui em toda a vida, e com uma mente aberta, talvez possuísse um palpite válido. Então eu paguei para ver, literalmente, doando meu suado dinheirinho. Diego podia até ser um louco com uma ideia louca, mas se estiver certo vai ser um louco que vai entrar para história (e nós queremos ser pioneiros na cobertura hehehe). É no mínimo bastante corajoso da parte dele dar sua cara à tapa por algo assim. Ainda não tive a percepção da real amplitude da reação dos chatos céticos-racionalistas que ele vai ter que enfrentar, mas por experiência própria sei que vai enfrentar muitos ataques, inclusive do establishment, até mesmo (e principalmente) se estiver certo ou se achar que estava. Incrivelmente, parece estar tranquilo com isso. Estamos todos torcendo por você Diego. Boa sorte, amigo. Que venha nas suas mãos um Royal Street Flush!
O vector equilibrium como sólido retrátil |
Talvez um cético-racionalista saísse de lá rindo e chamando Diego toda a sorte de nomes. Ainda bem que não sou exatamente um (risos). Mantenho um certo grau de ceticismo, mas certamente não me identifico com a ideologia, pois acredito que "há mais coisas entre o céu e a terra que sonha nossa vã filosofia", como diria Shakespeare. Segundo os cético-racionalistas, o meu "desejo e/ou crença de que as coisas sejam assim ou assado" entorpece minha visão objetiva da realidade. Será? Ou a academia que tolhe nossa criatividade e nos impede de ver coisas simples que estariam na nossa frente o tempo todo, com sua rigidez de ideias e conceitos? Nesse ponto, quando perco todas as certezas e abraço a minha ignorância socrática, acho que mantenho a posição mais sábia em prol da ciência e do progresso da humanidade. Vou me abster de emitir e até mesmo de ter uma opinião sobre se o Ignis vai ou não funcionar. Diagamos que fiquei assim com um imenso sentimento de "vai que...". No fim das contas, meu encontro com Diego reforçou a mesma intuição, lá do começo, de que um jovem tão inteligente e familiarizado com os mesmos conceitos fullerianos que persegui em toda a vida, e com uma mente aberta, talvez possuísse um palpite válido. Então eu paguei para ver, literalmente, doando meu suado dinheirinho. Diego podia até ser um louco com uma ideia louca, mas se estiver certo vai ser um louco que vai entrar para história (e nós queremos ser pioneiros na cobertura hehehe). É no mínimo bastante corajoso da parte dele dar sua cara à tapa por algo assim. Ainda não tive a percepção da real amplitude da reação dos chatos céticos-racionalistas que ele vai ter que enfrentar, mas por experiência própria sei que vai enfrentar muitos ataques, inclusive do establishment, até mesmo (e principalmente) se estiver certo ou se achar que estava. Incrivelmente, parece estar tranquilo com isso. Estamos todos torcendo por você Diego. Boa sorte, amigo. Que venha nas suas mãos um Royal Street Flush!
Gostei da abordagem da reportagem. Aberta, sem confiar cegamente. Minha postura é parecida. Estou torcendo, vamos ver...
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